Famílias do Residencial Mangabeiras vislumbram futuro digno com casa própria

O dia 24 de julho de 2020 está marcado na lembrança dos moradores da antiga Ocupação das Mangabeiras, localizada no bairro 17 de Março. Na ocasião, foi concluído o processo de realocação das mais de mil famílias que ali residiam. Na semana passada, no entanto, outro marco importante se fez na vida dessas famílias, quando o prefeito Edvaldo Nogueira assinou a ordem de serviço para o início das obras de infraestrutura do Residencial Mangabeiras Irmã Dulce dos Pobres.

A primeira fase da obra é imprescindível à construção das 1.200 unidades habitacionais que, mais do que abrigar as famílias, acolherão o sonho de vidas mais dignas e a capacidade de vislumbrar dias melhores. A intervenção se soma, ainda, a outras melhorias realizadas no entorno, como a nova avenida Deputado Reinaldo Moura.

Surgida no ano de 2014, a ocupação era uma ambiente insalubre, carregado de dificuldades em diversos aspectos. A gestão municipal compreendeu que a única solução possível para transformar essa realidade era retirar as famílias desse ambiente insustentável e, a partir daí, atuar para a garantia de moradias dignas, projeto que está sendo concretizado por meio do Residencial.

Dignidade
Aos 55 anos, João Batista Silva Santos está desempregado. Tendo que lidar com as oscilações da diabetes e da hipertensão, ele deixou de trabalhar como taxistas e, hoje, depende de auxílios do governo para seguir. Para ele, ter uma casa própria era algo distante de sua realidade.

“Nunca imaginei ter uma casa minha, isso nem chegava a ser sonho porque não acreditava que poderia ter. Mas, hoje, já tenho esperança de que esse dia vai chegar porque a Prefeitura está cumprindo uma promessa que fez para os moradores da ocupação. Estou numa alegria sem fim”, conta João Batista.

Dona Maria do Carmo Conceição Nazaré morou na ocupação ao longo de seis anos, tempo em que, vivendo sozinha, viu de tudo um pouco, de troca de tiros a animais peçonhentos. Com o início das obras, ela já vislumbra os benefícios que lhe serão proporcionados.

“Estávamos ansiosamente aguardando por esse momento, pois a Prefeitura nos retirou da ocupação há um ano e, agora, estamos vendo o início da obra que vai se transformar em nossas casas. Na ocupação, vivemos momentos de terror, com barracos queimados; lama e muita água quando chovia; cobras, escorpiões, saruê; já vi até balas trocadas, lá dentro. Hoje, é uma alegria saber que vamos receber as nossas casas. Eu não tenho palavras para explicar a alegria. Consigo ver muitas coisas boas, pra gente, no futuro, e começa com a construção das nossas casinhas”, afirma Maria do Carmo.

Para expressar o sentimento vivenciado, dona Maria Núzia dos Santos foi à solenidade de assinatura com uma máscara com a palavra “gratidão” estampada. “É o dia da minha vitória porque vivo há anos de aluguel e é um sofrimento”, disse.

“Vamos sair do auxílio para as nossas casas. É uma maravilha ver que o bairro também está a cada dia melhor e desejo que o sufoco que vivemos fique para trás. Até ver essa assinatura, eu nem conseguia dormir de ansiedade. No ano em que a Prefeitura nos tirou da ocupação, passei de ser picada por cobra umas cinco vezes. Agora, é dormir despreocupada”, relata Núzia.

A dona de casa Cristina Jesus Silva morou na ocupação por seis anos e, desde que saiu, no ano passado, recebe o auxílio moradia da Prefeitura. Mãe de dois, ela sonha em dar moradia decente aos filhos.

“Quando fomos morar na ocupação, meus filhos eram novinhos. Hoje, um deles já está maior de idade. Meu sonho sempre foi oferecer uma vida melhor para eles e, com essas casas, sinto que as coisas vão melhorar. Na ocupação, a vida era muito difícil. A realidade era que vivíamos em barracos, dividindo espaço com cobra, rato, sapo, escorpião e todo o tipo de inseto. Usávamos água de fossa e era uma imundice. Com essas casas, vi uma luz no fim do túnel, o sonho de não ser mais humilhada”, desabafa Cristina.

A vida de dona Maria José dos Santos e de seu marido era estar de casa em casa, vivendo de favor. Essa realidade a incomodava e, na tentativa de não mais ficar sem rumo, resolveu ir para a ocupação, mesmo com as dificuldades.

“As casas que serão construídas são tudo o que queríamos. Antes, eu trabalhava com reciclagem, mas, com a idade, não consegui mais dar conta. Hoje, vivemos dos bicos que meu marido faz, quando aparece, e do auxílio do governo. Com isso, jamais poderíamos ter uma casa nossa, mas a Prefeitura nos deu esse sonho e, tenho fé, as coisas vão melhorar”, destaca Maria José.

A obra
As obras, nessa primeira etapa de implantação da infraestrutura, a qual precede a construção das casas, receberão um investimento de R$15,5 milhões e envolverão a implantação das redes de drenagem, de esgotamento sanitário, de sistemas de abastecimento de água potável e de energia elétrica, abertura de 19 ruas, pavimentação asfáltica e acessibilidade, além da topografia e do cercamento da reserva extrativista.

Essa etapa do projeto criará todas as condições para a construção das 1.102 casas. O novo núcleo terá uma característica inédita, que é a manutenção da reserva ambiental. Serão 90 mil metros quadrados protegidos para a preservação das mangabeiras.

Projeto
Com um investimento total de R$124 milhões, a Prefeitura de Aracaju construirá um complexo habitacional onde antes existia a Ocupação das Mangabeiras. Para a execução do projeto, a gestão municipal realocou mais de mil famílias que residiam por mais de cinco anos na ocupação, todas foram levadas para casas alugadas pela Prefeitura onde permanecerão até que as obras sejam finalizadas.

Publicado em: 31/12/2021