Residencial Mangabeiras representa um marco na história social e habitacional de Aracaju

Foto: Michel de Oliveira

No coração do bairro 17 de Março, um projeto audacioso e transformador está prestes a mudar a vida de 1.320 famílias aracajuanas. Capitaneado pela Prefeitura de Aracaju e executado pela Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), o Residencial Mangabeiras Irmã Dulce dos Pobres representa um símbolo de esperança e dignidade para as famílias que viviam em condições precárias na antiga Ocupação das Mangabeiras.

Para além de conjunto habitacional, o Residencial simboliza a capacidade da gestão municipal de ser agente transformador de vidas por meio da inclusão social. O projeto municipal recebe recursos do Programa Pró-Moradia, do Governo Federal, e cumpre seu propósito: assegurar uma moradia mais digna às famílias que antes residiam em barracos de madeira e lona, em ambientes insalubres e que sobreviviam da reciclagem e do extrativismo.

Ao todo, são 1.320 residências, das quais 1.232 são do tipo padrão, 68 acessíveis e 20 acessíveis isoladas. O novo residencial representa um investimento superior a R$ 124 milhões. Destes, R$ 116,7 milhões vêm do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com uma contrapartida de R$ 7,9 milhões do Município, destinados ao aluguel social. No último dia 29, a Prefeitura de Aracaju concluiu o sorteio das unidades para os futuros moradores do residencial.

Para o prefeito Edvaldo Nogueira, a construção do Residencial Mangabeiras Irmã Dulce dos Pobres “é um marco na política pública de habitação social do nosso município”. “Retiramos daquele espaço os moradores que residiam na antiga Ocupação Mangabeiras, um local sem infraestrutura, que colocava em risco a integridade das famílias que viviam ali. Através da Assistência Social, realizamos um levantamento desses moradores, inserimos todos eles no programa de aluguel social e, paralelo a isso, iniciamos a construção do residencial e a criação da reserva extrativista da mangaba, fruto tão importante para o sustento econômico dessa comunidade”, relembra.

O gestor destaca que, hoje, quem passa ao lado de onde está sendo erguido o novo conjunto habitacional de Aracaju “já pode notar a proporção do projeto”. “Através de uma moradia de qualidade, em um local com saneamento básico, água, luz e pavimentação, vamos dar dignidade para mais de 1.300 famílias aracajuanas e transformar a vida de cada uma delas”, ressalta Edvaldo.

Assistência contínua

Para a execução do projeto, ainda em 2020, a Prefeitura de Aracaju fez um trabalho acolhedor e essencial: bateu em porta e porta e realocou mais de mil famílias que residiam por mais de cinco anos na ocupação, oferecendo-lhes aluguel social e garantindo-lhes uma moradia provisória até a conclusão das novas casas. Rosária Rabelo, secretária da Assistência Social de Aracaju, destaca a importância do projeto, classificando-o como “a maior obra social” da atual administração municipal.

“O Conjunto Habitacional Irmã Dulce dos Pobres talvez seja a maior obra social que a Prefeitura de Aracaju está deixando. Na verdade, é um legado mesmo, porque rssas famílias viviam em péssimas condições e agora elas vão receber um conjunto com toda infraestrutura, uma casa organizada. Isso é de uma alegria imensa, não só dessas famílias, mas para o poder público como um todo, porque estamos trazendo dignidade para essas famílias, onde efetivamente elas, agora, podem dizer que são donos e donas de suas casas, que têm um endereço como referência”, afirmou a secretária.

Além desse suporte, a Prefeitura desenvolve o Projeto de Trabalho Social (PTS) junto às famílias, promovendo um trabalho contínuo de inclusão social, com cursos de capacitação profissional, rodas de conversa e ações sobre educação patrimonial, sanitária e ambiental.

Todo esse trabalho social, que caminha em paralelo à construção das casas, é uma contrapartida para toda e qualquer obra de infraestrutura financiada seja pela Caixa Econômica Federal ou por outros órgãos financiadores, como BID ou Novo Banco de Desenvolvimento (NBD). Os serviços são realizados com a comunidade através de empresas contratadas sob a supervisão de técnicos de referência.

“Durante todo esse tempo de aluguel, eles estão tendo um acompanhamento de uma equipe social na resolutividade dos problemas que vão aparecendo e no acolhimento de trabalhar como vai ser esse processo de transição para o conjunto. Eles estão indo para um empreendimento onde a gente quer proporcionar muito calor humano e garantias de direitos. Repito, é a maior obra social desta gestão”, frisa a gestora.

Sorteios transparentes

As obras do Residencial Mangabeiras estão em fase de acabamento, com a pintura dos apartamentos sendo finalizada. Paralelamente, a Secretaria Municipal da Assistência Social iniciou, no dia 20 de maio, o sorteio das unidades habitacionais para as 1.320 famílias, processo concluído no dia 29 de maio.

Durante este período, os futuros moradores conheceram o endereço exato de suas novas casas, incluindo rua, número, lote, bloco e se a unidade é térrea ou superior. Todo o processo de sorteio conta com a participação das equipes técnicas da Diretoria de Gestão Social da Habitação da Assistência Social, do Projeto de Trabalho Social (PTS) Mangabeiras, da Emurb e do agente financiador, a Caixa Econômica Federal.

A ação foi dividida da seguinte ordem: PcD cadeirantes, acamados e/ou doenças crônicas com dificuldade de locomoção; idosos; recicladores; Ocupação Mangabeiras, áreas A, B , C e D, e Auxílio Moradia.

Além dos beneficiários da Ocupação Mangabeiras, a Prefeitura de Aracaju também está contemplando aqueles que se encontram há muitos anos no Auxílio Moradia, programa de benefício financeiro destinado a subsidiar o pagamento de aluguel de imóvel às famílias que se encontrem em situação de vulnerabilidade social.

Expectativa e esperança

A expectativa dos futuros moradores é traduzida em emoção. Nilza Oliveira, empregada doméstica e mãe de quatro filhos, morou três anos na ocupação e não esconde a alegria em ser contemplada com uma casa própria. “Eu sempre sonhei em ter minha casa, foram muitos momentos de tristeza, muita luta e hoje é um sonho realizado, só tenho que agradecer. Estou muito emocionada e ansiosa pelo sorteio. Na ocupação, as condições eram muito difíceis, muita chuva, muito alagamento, muitos animais e hoje a gente só tem que agradecer”, diz.

A diarista Mariele dos Santos, mãe de três filhos, diz que a conquista da casa própria é um grande sonho realizado. “A minha casa era de madeira com aqueles TNT. Fiz um piso de cimento, tinha um banheiro, era um cantinho bom, porque sempre fui uma pessoa organizada, mas a convivência nas Mangabeiras foi um período muito difícil para todos que moraram lá. Era falta de segurança, falta de saneamento básico e água, mas graças a Deus nós lutamos e veio a Prefeitura e botou a gente no aluguel. Agora, estamos aqui. Eu sou muito grata por conquistar esse sonho. Não tenho palavras para descrever a gratidão e emoção de ter uma casa própria”, comentou emocionada.

Kelly dos Santos trabalha com material reciclável e revelou que está difícil conter a ansiedade. “Minha casa era de tábua, quando chovia era um sofrimento. Eu estou tão feliz de ter a casa própria. Deus abençoou, estou ansiosa para receber a chave”, relatou.

Leila França dos Santos foi uma das moradoras mais antigas da ocupação. Viveu por lá por mais de 10 anos. Atualmente desempregada e mãe de um filho de 24 anos, ela não tem palavras para descrever o quão está feliz. “É a realização de um sonho. Quem não quer ter a casa própria? A situação antes era complicada, era um local muito violento e chegar nesse momento é uma felicidade e um alívio. Graças a Deus eu cheguei até aqui e sentir a felicidade que estamos sentindo hoje é inexplicável”, colocou.

Infraestrutura e urbanização

O conjunto habitacional conta com cinco lotes, cada um deles com aproximadamente 230 casas, com uma completa infraestrutura: redes de drenagem pluvial, água potável e esgotamento sanitário, pavimentação asfáltica e passeios em concreto com acessibilidade.

Foram construídas 19 ruas, com pistas de rolamento de oito metros de largura e calçadas de dois metros em cada lado. Além de erguer casas e fazer a urbanização do local, a Prefeitura de Aracaju construiu uma Reserva Extrativista (Resex), que ocupa uma área de 94 mil m², contribuindo para a preservação mangabeira e a qualidade de vida dos moradores.

O secretário municipal da Infraestrutura e presidente da Emurb, Sérgio Ferrari, ressalta a magnitude do projeto, que também levará para a comunidade local uma série de investimentos, como uma nova escola e duas praças.

“Só quem viu a antiga ocupação consegue ter dimensão da transformação que estamos proporcionando no bairro 17 de Março. Mais de 1.300 famílias serão contempladas com moradia, mas não somente isso. Para essa comunidade, vamos entregar também uma Escola Municipal de Educação Infantil e duas praças, com uma já em andamento. Quem vivia ali estava sujeito a condições subumanas, com poeira e lama, vivendo em barracos, sem o mínimo para uma existência digna. Começamos a mudar essa realidade com a obra de infraestrutura, que alterou a paisagem urbana e, em breve, essas pessoas vão viver em uma casa estruturada, com dignidade e qualidade de vida”, destaca o secretário.

Para cada chave que será entregue, um sorriso largo será semeado. Dessa forma, a Prefeitura de Aracaju reafirma seu compromisso com a dignidade e o bem-estar de seus cidadãos, escrevendo um novo capítulo para o bairro 17 de Março e para as 1.320 famílias do Residencial Mangabeiras que, em breve, chamarão esse lugar de lar.

 

Publicado em: 03/06/2024