Unidade de Conservação Extrativista das Mangabeiras terá mais de 92 mil metros quadrados

A Unidade de Conservação Extrativista das Mangabeiras, que ficará localizada no Complexo Habitacional Irmã Dulce dos Pobres, onde antes havia a ocupação das Mangabeiras, no bairro 17 de Março, terá mais de 90 mil metros quadrados. Idealizada pela Prefeitura de Aracaju, com financiamento da Caixa Econômica Federal, o espaço será destinado à preservação e manejo da árvore símbolo do estado, de maneira que os catadores que sobrevivem desta cultura possam, ao mesmo tempo, ter acesso à moradia digna e desenvolvimento econômico sustentável.

No total, a administração municipal construirá 1.102 casas populares, com esgotamento sanitário e acesso à energia elétrica, em benefício direto de milhares de aracajuanos que moravam de maneira precarizada, em um investimento de 124,6 milhões de reais.

Conforme aponta o decreto municipal número 6.175, promulgado em julho de 2020, a área de conservação atingirá 92.125,81 metros quadrados, ou quase um terço do tamanho total do terreno. O intuito é garantir a segurança tanto do patrimônio ambiental, quando dos costumes dos aracajuanos que tiram seu sustento das mangabeiras, conforme prevê a mesma legislação.

Para tanto, a administração municipal tem se valido de estudo minucioso das características do local. “Nós contratamos uma empresa especializada em análise ambiental, que está, inclusive, catalogando as espécies que existem no espaço. Não se trata de uma aproximação, mas uma contagem de árvore por árvore, para que se possa preservar ao máximo. Além disso, temos acesso à imagens por satélite, de 2009 a 2020, ou seja, uma análise de 11 anos, que nos apontou o local específico onde a reserva precisa ser criada para reduzir o número de perdas, bem como os efeitos da ocupação desordenada que vigorava até a intervenção da Prefeitura”, explica o presidente da Empresa Municipal de Obras e Urbanização, Sérgio Ferrari.

Além de apontar a quantidade exata de árvores no local, o relatório da empresa contratada distingue também as espécies, de maneira que se poderá preservar também cajueiros, mangueiras, bananeiras, amendoeiras e até mesmo dicuris da praia (espécie em extinção no país).

A documentação e os estudos realizados até o momento serão apresentados à Justiça Federal em momento oportuno, de forma transparente, como tem sido todo o processo até o momento.

Participação popular
Aberta entre os dias 31 de julho e 14 de agosto, via site da Prefeitura de Aracaju, a consulta pública reuniu um número importante de sugestões, que serão avaliadas por uma comissão composta por técnicos da Emurb e Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema). “Recebemos propostas muito interessantes, inovadoras, inclusive, sobre o formas de melhorar tanto o manejo das mangabas quanto sua reprodução, de maneira que agora a comissão se reunirá e discutirá as melhores maneiras de colocar as sugestões em prática na área de conservação”, comemora Ferrari.

Devido ao recebimento de sugestões interessantes, que demandam uma análise criteriosa, assim como pela complexidade dos temas abordados, a audiência pública marcada para o dia 26 de agosto será remarcada. O objetivo é permitir à comissão um estudo cuidadoso de todas as propostas, antes de abrir mais um canal de debate.

Desenvolvimento sustentável
Futuramente, a reserva irá garantir a atuação da comunidade tradicional, permitindo a qualificação no manejo e investimento em tecnologia, aperfeiçoando a cadeia produtiva. Desta forma, além de manter viva uma cultura tão importante, o projeto dará acesso a um formato sustentável para a região.

Publicado em: 21/08/2020